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Leka Mendes e A Arqueologia do Fazer

Leka Mendes caminha pelo mundo em busca dos vestígios que compõem o seu trabalho.

Vasculha e recolhe os achados/destroços que revelam a passagem do bicho homem pelo

planeta Terra. É um trabalho arqueológico que come a com o olhar aguçado da artista,

que capta em suas viagens/expedições fotográficas suas relíquias, de modo que

tenhamos que encarar o que significa a tal Era da Humanidade.

Os vestígios podem ser encontrados em um terremoto, destroço, tsunami ou

consequência de nossas ações, que s o abandonadas como os nossos antepassados

primitivos ca adores coletores que, ao esgotar os meios de sustento de um certo local,

simplesmente se deslocam para uma outra região, e recomeçam o processo como se

fosse possível encontrar local ainda intocado, porém, o que o trabalho de Leka Mendes

revela é que o bicho homem já caminhou por toda parte e, sempre deixa uma pegada

de destruição para trás.

Ao voltar para seu ateliê , a artista come a seu trabalho de laboratório, busca na alquimia

do olhar fotográfico, do pigmento e da ruína uma maneira de compreender os

procedimentos que nos trouxeram at  aqui e, talvez, encontrar uma maneira de deter

o auto ‐ extermínio. Em sua série ANTROPOCENO(1), a artista/alquimista faz uso do termo

popularizado pelo Nobel de química Paul Crutzen para nos apresentar os resultados de

seus estudos acerca dos destro os que encontrou pelo caminho.

Toda esta destruição poderia nos passar a errônea impressão de um certo pessimismo

por parte da artista, porém, como todo alquimista que se preze, ela transforma os

destroços em um substrato para construir um caminho para as estrelas. Em LOGO SERÁ 

NOITE (ascensão ou queda), a poeira cósmica nos mostra que, assim como os

dinossauros, o bicho homem pode estar por aqui só de passagem e, mesmo que

tenhamos dúvidas se estamos em ascensão ou em plena queda, devemos confiar na

regeneração do planeta, certos de que a mãe terra não é feminina por acaso, e saberá 

proteger o que há  de mais precioso no planeta, porém esta relíquia pode não ser NÓS.
 

Kátia Fiera, Em resid ncia Pandemia de 2020.

1 Termo cunhado pelo bi logo Eugene Stoermer, na década de 80.

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